Gloria Pires fala sobre a felicidade em dividir a cena com as filhas Ana e Antonia em ´As brasileiras´
A última cena do episódio "A mãe da Barra", da série "As brasileiras", acaba de ser gravada. Ainda no cenário, Gloria Pires abraça a filha Ana, de 11 anos, que apresenta uma mistura de nervosismo e alívio após uma semana de trabalho intenso no set. Visivelmente comovida, a menina é confortada pela mãe e pela irmã Antonia, 19 - também chorosa -, enquanto as três recebem uma salva de palmas da equipe do programa, que vai ao ar na próxima quinta, às 23h15, e foi rodado nos estúdios da produtora Lereby.
Tanta emoção tem justificativa. É a estreia de Ana na TV, justamente no papel de filha de Gloria. E o episódio, baseado no livro "Fala sério, mãe", da escritora Thalita Rebouças, conta ainda com a participação especial de Antonia. Com mais de 40 anos de carreira, Gloria não faz média e confessa que o encontro mexeu com suas emoções:
"Quando acabamos, liguei para o Daniel (Filho, idealizador e diretor-geral da atração) e falei: ´Você não poderia ter me dado um presente melhor´. Foi algo surpreendente, incrível".
A atriz não está exagerando. Quando recebeu o primeiro convite para "As brasileiras", ela estava comprometida com o longa "Nise da Silveira - A senhora das imagens" e quase não pôde aceitar.
Por insistência de Daniel, topou participar de outro episódio, que seria realizado mais para a frente. No dia da gravação da abertura da série, em janeiro, encontrou a filha Cleo Pires, 29, que atuou no capítulo "A matadora do Sertão". A intimidade da dupla nos bastidores encheu Daniel de ideias. "Nosso encontro causou aquele frisson, e aí ele veio novamente falar comigo. Ele me explicou o roteiro e disse que Ana tinha exatamente a idade da personagem. Perguntou se ela gostaria de fazer, mas eu fiquei na dúvida, já que ela nunca havia manifestado a vontade de ser atriz", lembra Gloria, mãe também de Bento, 7.
Preocupação
No entanto, ao chegar em casa, ela se surpreendeu com a resposta da filha Ana, que topou a proposta sem pensar duas vezes. Diante da novidade, a preocupação de Gloria foi a mesma de quase toda a mãe: como conciliar a vida escolar com as gravações?
"Avisei que ela não poderia tirar nota baixa nem faltar ao colégio. Mesmo assim, ela quis. Eu não acompanhei nada, só fui ver o resultado no estúdio", conta.
A história
Na série, Ana é Malu, filha de Angela Cristina, vivida por Gloria. Naquela idade crítica, a menina acha um "mico" tudo o que a mãe faz, o que resulta em diálogos hilários. Em certos momentos, Angela imagina como será o relacionamento das duas, quando a garota estiver mais velha. É aí que Antonia entra em cena.
"Eu estava lendo o roteiro e ria muito, porque já passei por situações semelhantes com meus pais. Mas eu não era tão rebelde e nunca chamei minha mãe de periguete. Até porque minha mãe é muito gata!", diz Antonia.
Mãe moderninha
Para acompanhar os filhos, ela explica que está sempre antenada. Carrega iPod, tem conta no Twitter e sabe o significado da sigla BFF (best friend forever). Mas isso não significa que seja aquela mãe moderna, estilo liberal. Muito pelo contrário.
"Nossa relação é de amizade. Mas sou mãe acima de tudo. Quando o bicho pega, pega mesmo", frisa ela, acrescentando que também não é do tipo invasiva: "Não fuxico. Respeito a individualidade e o espaço para que confiem em mim".
Talvez na tentativa de não influenciar as escolhas das crianças, Gloria e o marido, o músico Orlando Morais, nunca tenham incentivado os filhos a seguir a vida artística. Mas não é que todos estão indo por esse caminho?
Filhos artistas
Antonia já dava sinais desde pequena. Até os 8 anos, só andava fantasiada e adorava organizar peças de teatro em casa. Bento faz aulas de dança, toca piano e tem um futuro promissor na bateria. Ana sempre gostou de cuidar dos outros e vivia andando pela casa com um bloquinho e rodeada de livros.
Ao contrário de Ana, mais tímida, Antonia não tem dúvidas: quer seguir na carreira "até o dia que morrer". Ela até fez o curso da Oficina de Atores da Globo, se prepara para o remake de "Guerra dos sexos" e tem a mãe como maior inspiração. "Ela batalha por qualquer personagem, não importa se é a melhor atriz do Brasil", compara.
Pressão?
Antonia, porém, entrega que a experiência de Gloria sempre a intimidou. Depois de contracenarem, diz que tirou "cinco quilos de peso das costas". "Eu chegava com texto em casa e conseguia ler para todo mundo, menos para ela. Eu estava ansiosa, desabafava com os amigos, mas, na hora, foi tudo tranquilo.Por mim, eu passaria o dia todo no estúdio", afirma.
Gloria, por sua vez, tentou manter um distanciamento no set. Segundo ela, para não ser tomada pela emoção. Na função de parceira de cena, fez questão de ajudar Ana nas marcações. E, na condição de mãe, ajeitava a postura da menina o tempo todo. "Ana tem um corpo lindo, é esguia, mas está numa fase que vai se encolhendo. Apesar da pouca experiência, das mãozinhas geladas e das muitas preocupações na cabecinha, ela conseguiu até improvisar".
E a menina? Como avalia a experiência? Envergonhada, ela dá seu parecer em poucas palavras. "Foi legal, mas cansativo. Difícil foi não olhar para as câmeras. Mas estar com a minha mãe deixou tudo mais simples", avalia.
Guerra dos sexos
Prontas para a próxima
Depois de "As brasileiras", Gloria Pires e Antonia Morais já têm data para voltar à TV. As duas estarão no remake de "Guerra dos sexos", de Silvio de Abreu, com previsão de estreia para o segundo semestre. Gloria fará o papel que coube a Gloria Menezes na versão original, de 1983.
Ela será Roberta Leone, empresária, dona de uma indústria de roupas esportivas. A personagem ainda nutre um profundo amor pelo motorista Nando, vivido por Reynaldo Gianecchini, que retorna às novelas depois de tratar um linfoma.
Silvio de Abreu é só elogios a Gloria Pires. "Ela é uma atriz extraordinária, carismática, talentosa, envolvente e que sabe como ninguém desenvolver uma personagem", elogia ele, que trabalhou pela primeira vez com a estrela em "Belíssima" (2005).
O autor também se impressionou com Antônia. "Linda, um rosto original, personalíssima", descreve. Mas, depois da primeira impressão, o novelista pediu que um produtor de elenco fizesse um teste com ela. O resultado superou suas expectativas. "Além da figura maravilhosa, ela é uma atriz de força, que enfrenta a câmera com desenvoltura, sabe dissecar um personagem", desmancha-se.
Em cena, Antonia será a vilã Leda, uma executiva que vai entrar por volta do capítulo 70. E Silvio avisa: Gloria e o marido, Orlando Morais, não tiveram nada a ver com a escalação da jovem. "Gloria só foi saber que Antonia ia fazer o teste quando eu contei a ela num jantar que tivemos em São Paulo", garante.
Embora saiba das cobranças, Antonia jura que não liga para as más-línguas: "Ser filha da minha mãe abre milhões de portas. Mas não vou deixar de fazer o que me faz feliz".
Gloria também tem sua opinião: "É do ser humano falar sem saber. Mas sempre digo que o tempo coloca tudo em seu lugar".
Ao lado, Ana, Antonia e Gloria falam sobre suas preferências e mostram suas diferenças respondendo às mesmas perguntas de um questionário.
De geração em geração
Mini-entrevista
Uma música preferida
Gloria: Gosto de música clássica, acho que me conecta a um lugar bom. E uma que sempre ouço é "Sonata ao luar", de Beethoven.
Antonia: "Under cover of darkness", do The Strokes.
Ana: "Whenever", do Black Eyed Peas.
Um filme
Gloria: "A noviça rebelde". Eu já assisti mais de 200 vezes e sempre choro.
Antonia: "Romeu e Julieta", versão do Baz Luhrmann.
Ana: "Never say never", sobre o Justin Bieber.
Um livro:
Gloria: “A preparação do ator”, do Stanislavski, mudou minha vida. Sempre via meu pai atuando, sua forma de trabalhar e agir, mas aquele compêndio de informações me deu embasamento.
Antonia: “Cartas a um jovem poeta”, de Rainer Maria Rilke.
Ana: Não tenho (“Ela já gostou mais de ler, está numa fase internet”, diz Gloria).
Na TV:
Gloria: Documentários e programas sobre a história da arte.
Antonia: “Programa do Jô”.
Ana: “Glee”.
Atriz:
Gloria: Meryl Streep.
Antonia: Penélope Cruz.
Ana: Selena Gomez.
Papel preferido da mãe:
Antonia: Ela estava divina como Norma, em “Insensato coração”
Ana: No filme “A partilha”, de 2001.
Gloria, o que cada filho tem de você?
A Cleo tem um lado meu de perseverança. Já a Antonia tem essa viagem lúdica, o momento que decola. Na Aninha, eu sinto um tom ordeiro, um lado introspectivo. Gosto do silêncio e de ficar sozinha. O Bento, como eu, não tem medo de médico, dentista, acupunturista... E tem um gosto por fazer a coisa certa. Sempre detestei ser chamada à atenção.
NATALIA CASTROAGÊNCIA O GLOBO
Fonte: Zoeira, O Globo
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