Atriz e diretora americana cotada para fazer a poeta |
Há cem anos, em Worcester, Massachusetts, começou a vida uma forte mulher, que seguiu repleta de poesia e amores intensos. No dia 08 de fevereiro deste ano comemorou-se o centenário de nascimento da poeta Elizabeth Bishop, que morou mais de duas décadas no Brasil ao lado da companheira carioca Lota Macedo Soares.
Ganhadora de vários prêmios da literatura americana, incluindo o Pulitzer em 1956, Bishop chega em 2011 com a versão brasileira de sua obra fora do catálogo, sem previsão para reedição. Os livros são encontrados, com muito custo, em sebos. O descaso com a poeta canadense-americana, infelizmente, não é um caso isolado. A poeta brasileira Adalgisa Nery, por exemplo, sofre do mesmo mal, após 30 anos de falecimento, todos os seus livros estão fora de catálogo.
Gloria Pires pode fazer o papel de Lota |
Apesar do desprezo dos editores brasileiros com a poesia, as comemorações do centenário de Bishop se estendem em outros países. Nos Estados Unidos, acabam de sair três novos títulos, entre antologias de prosa, de poesia e a correspondência da escritora com a revista New Yorker. O Brasil fará sua homenagem através do cinema: o cineasta Bruno Barreto filmará um longa-metragem sobre a poeta.
Intitulado, provisoriamente, de A arte de perder – uma referência ao clássico poema “One Art”, conhecido no Brasil em tradução do poeta e professor Paulo Henriques Britto – o filme tem o roteiro assinado por Carolina Kotscho. A história enfocará o romance que Bishop manteve com Lota de Macedo Soares, arquiteta responsável pela concepção e construção do Parque do Flamengo, no Rio de Janeiro. Na produção de Bruno Barreto, Jodie Foster é o nome mais indicado para interpretar Elizabeth Bishop e o papel de Lota será da atriz Gloria Pires.
A paixão entre Bishop e Lota é relatada na bela biografia Flores raras e banalíssimas, de autoria de Carmen L. Oliveira. Lota Macedo Soares era de uma família da elite carioca, que por problemas familiares resolveu morar sozinha aos 25 anos – um escândalo na alta sociedade da época. Em Petrópolis, onde construíram uma casa, Bishop e Lota eram mencionadas como “aquelas mulheres”. O romance entre elas é um dos primeiros registros públicos do amor lésbico por aqui.
Outra possível homenagem é a peça teatral Um Porto Para Elizabeth Bishop, de Marta Góes, belo monólogo de Regina Braga, estreado em 2001, que deve voltar à cena ainda este ano. Torço para que a reestreia se concretize. Assim como fico na expectativa da editora Companhia das Letras republicar os livros de uma das poetas mais representativas do século XX.
50 e mais
Nenhum comentário:
Postar um comentário